O Conhecimento
caminha lento feito lagarta
Primeiro não sabe que sabe
E voraz contenta-se com o cotidiano orvalho
Deixado nas folhas vividas das manhãs.
Depois pensa que sabe,
E se fecha em si mesmo:
Faz muralhas
Cava trincheiras,
Ergue barricadas.
Defendendo o que pensa saber
Levanta certeza na forma de muro
Orgulha-se de ser casulo.
Até que maduro
Explode em vôos
Rindo do tempo que imaginava saber
Ou guardava preso o que sabia
Voa alto sua ousadia
Reconhecendo o suor dos séculos
No orvalho de cada dia.
Mesmo o vôo mais belo
Descobre um dia não ser eterno.
É tempo de acasalar
Voltar à terra com seus ovos
A espera de novas prosaicas lagartas.
O conhecimento é assim
Ri de si mesmo
E de suas certezas
É meta de forma
Metamorfose
Movimento
Fluir do tempo
Que tanto cria como arrasa
A nos mostra que para o vôo
É preciso tanto o casulo
Como a asa.
Mauro Iasi