quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Pensar é Transgredir

Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos.
Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.
Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo.
Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: "Parar pra pensar, nem pensar!"
O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tevê ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora da droga, do sexo sem afeto, do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação.
Sem ter programado, a gente pára pra pensar.
Pode ser um susto: como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar: reavaliar-se.
Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto.
Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida.
Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar.
Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo.
Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos.
Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.

Viver, como talvez morrer, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada.
Parece fácil: "escrever a respeito das coisas é fácil", já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada de espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado.
Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança.
Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.
Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for.
E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.


 Lia Luft

Crescer a cada Experiência

" Todo herói um dia vê sua força se esfacelar. Todo gigante por maior que seja, em algum momento se apequena. Todo pensador depara-se, cedo ou tarde, com suas loucuras. E todo mestre em sua caminhada, se torna um menino diante do inexplorado."
Augusto Cury


A criança se encanta quando encontra algo ainda desconhecido. O menino entrega-se a ideia de poder aprender algo novo sem receio que outros o vejam  e percebam a sua tolice ou ignorância.
É o espirito da alma infantil que faz com que o novo se torne tentador e fique irresistível; e neste momento a introspecção clareia nossas loucuras tornando reflexão em sabedoria, é neste instante que trocamos o espelho que nos encolhe, e é neste tempo de  fragilidade que desejamos a nossa força de volta.



E é assim que crescemos; quando reconhecemos a nossa condição de fraqueza, de pequenez, de loucura, de falta de conhecimento... então, e só então nos tornamos GENTE GRANDE. Não pelas grandezas e virtudes conquistadas, mas sim por perceber, reconhecer e trabalhar nossos pontos fracos, então a cada dia vemos nascer grandeza nas nossas almas, nas nossas vidas, nos nossos corações.
Então o herói recupera suas forças e se torna super-herói, O gigante se ergue e mostra seu tamanho, o pensador lapida pérolas da experiência insossa...e o mestre...explora...explora...explora e finalmente caminha em frente, mesmo que apenas por alguns passos... para novamente explorar.

D. Danitza L. Carvalho

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O Papel do Professor com Rubem Alves

Veja um pouquinho da experiência e sábios conselhos de Ruben Alves em preciosas lições sobre o papel do professor.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Ed. Especial - Parecer CNE/CEB nº 13/2009

Para entrar no Parecer CNE/CEB nº 13/2009 (Educação Básica: modalidade Educação Especial) clique no link a seguir: 
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/pceb013_09_homolog.pdf

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Viver como as Flores


Certo dia, o aprendiz de um sábio, incomodado pelas agruras da vida, e não compreendido pelas pessoas ao redor, indagou com angústia no coração:
- Mestre, como faço para não me aborrecer? Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes, algumas são indiferentes. Sinto ódio das que são mentirosas. Sofro com as que caluniam.
- Pois viva como as flores! advertiu o mestre.
- Como é viver como as flores? - perguntou o discípulo.
- Repare nestas flores, continuou o mestre, apontando os lírios que cresciam no jardim. Elas nascem na terra adubada com esterco, entretanto, são puras e perfumadas. Extraem do adubo mal-cheiroso tudo que lhes é útil e saudável, mas não permitem que o azedume da terra manche a brancura e a pureza de suas pétalas. É justo angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros o importunem. Os defeitos deles são deles e não seus. se não São seus, não há razão para aborrecimento.

Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora. Isso é viver como as flores!